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CORUM vê "janela de oportunidade" para reforçar carteira de imóveis

Aumento do custo do dinheiro está a afastar do mercado imobiliário investidores que recorrem a dívida. Gestora francesa de fundos quer aproveitar o atual contexto para crescer.

A CORUM Investments, gestora de fundos de origem francesa, está interessada em reforçar o investimento em imobiliário comercial no país, depois de no final do ano passado ter concretizado a compra por 10 milhões de euros das instalações industriais da Fusion Fuel, numa operação de sale and leaseback (o proprietário vende e passa a arrendatário). Segundo José Gavino, diretor-geral da sucursal portuguesa, o mercado sofreu desde o verão passado uma inversão e apresenta-se agora num ciclo favorável para a realização de investimentos, numa ótica de longo prazo.

 

Depois de dez anos de um mercado propício aos vendedores, a subida das taxas de juro inverteu a tendência e "começámos a ver cada vez menos compradores", aponta o responsável. Com o aumento do preço do dinheiro, "os players que usam muito dívida começaram a retrair-se" e, neste momento, "quem tiver disponibilidade de cash e não usar dívida tem aqui uma janela de oportunidade". Neste contexto, a CORUM acredita ser esta a altura certa para aplicar as poupanças dos seus clientes. "Acreditamos que este ano é de grandes oportunidades para construir uma carteira para o futuro", sublinha.

A gestora, que comercializa em Portugal os fundos CORUM Origin e CORUM XL, para todo o género de aforradores, e o CORUM Eurion para investidores profissionais, tem bem definidos os critérios para um bom negócio. Como explica José Gavino, a proposta da CORUM é investir as poupanças dos clientes em imóveis arrendados e distribuir os dividendos das rendas, e isso obriga a elevado cuidado com os arrendatários. "A partir do momento em que o nosso negócio é a renda, temos de proteger essa renda e, na nossa opinião, a melhor maneira de fazê-lo é poder avaliar ao máximo a capacidade financeira do arrendatário". Por isso, a CORUM só investe em imobiliário comercial, ou seja, escritórios, logística, indústria, retalho, hotelaria, "com arrendatários de grande qualidade". A justificação para arredar do radar qualquer investimento em habitação é simples. "Quando olhamos para uma empresa, podemos avaliar os resultados, o relatório e contas e a perspetiva que nós temos para esse negócio", ou seja, verificar se o inquilino "tem capacidade para pagar as rendas, e essa avaliação seria bem mais difícil num arrendamento residencial", justifica.

Há, no entanto, sempre imponderáveis. O travão na atualização das rendas em 2023, em Portugal, que englobou as habitacionais e comerciais, não foi uma boa notícia para os fundos da CORUM. Recorde-se que o governo impôs um limite de 2% à subida das rendas, que de outra forma deveria refletir a taxa de inflação verificada em agosto de 2022. Ainda assim, como aponta José Gavino, o efeito é reduzido. Como afirma, os imóveis detidos pelas soluções financeiras da gestora em Portugal representam menos de 1% do total. Aliás, frisa, "esta regra é portuguesa, noutros países essa medida cingiu-se ao residencial. Para o comercial, apenas houve em Portugal". Por isso, o responsável chama a atenção para a importância da diversificação geográfica dos investimentos. "Na Holanda - onde temos mais imóveis -, a inflação no ano passado foi de 16% e nós temos rendas que atualizámos a 10 e a 12%".

 

Fonte: Dinheiro Vivo